Com grande satisfação que publico aqui um texto de Matheus Bandeira Preto que foi inspirado no meu poema "Cálice".
Fico feliz de saber que meu trabalho tem sido fonte de inspiração para meus colegas riograndinos e espero, sinceramente, que meus demais colegas e leitores gostem do que resultou deste diálogo entre textos.
O texto de Matheus vem por último justamente para demonstrar a intensidade do que ele sentiu.
Mais uma vez, Matheus, obrigada por proporcionar este encontro.
Boa leitura a todos.
E tu
tu lanças essas palavras infames ao vento
que reverberam em meu rosto
como a tempestade que bate em meu corpo
inclementemente
A chuva golpeia as vidraças
A porta bate por causa da ventania
dolorosamente
enquanto raios e trovões retumbam no espaço
O temporal acossa meu corpo encharcado
Fico aqui de braços abertos sentindo em mim
a tormenta daquilo que nunca acaba
As palavras gritam seus ecos em meus ouvidos
que os acolhem sedentos mesmo constrangidos
Meus olhos fechados viajam no tempo
Minhas mãos tateiam as gotas escorregadias
capturando-as sem as aprisionar
Então grita
Grita esses vocábulos de água e fogo
que vergam minha vontade
O veneno já foi difundido em minhas veias
O trovão impele tua ânsia escondida
E eu
eu apenas beberei o cálice dulcíssimo
das volições amortecidas.
Cale-se (Matheus Bandeira Preto)
Cale-se (Matheus Bandeira Preto)
Não seja leviano com as
palavras, não jogue em mim a raiva que sentes, quem sabe, de outras pessoas ou
que estejas sentindo agora. Não me culpes por tudo. Não cuspa em mim esse ódio
mortal, pois não tenho escudo para me defender e sei que serei afetada por ele.
Sim, eu vou escutar tudo o que teimas em gritar aos quatro cantos, aos quatro
ventos, às rosas dos ventos, para o universo todo ouvir. Só não me peça que
fale algo depois de tudo, pois, assim como tu, estarei e já estou, para ser
sincera, com raiva, também, e se o fizer, seremos dois loucos gritando
desesperadamente sem chegar a nenhum consenso. Pode falar. Me agrida. Me usa como
qualquer adjetivo: louca, irresponsável, perua, vagabunda, traidora e eu sempre
soube e continuarei sabendo que me amas e que estas palavras que me golpeiam
feito socos no rosto são apenas palavras, como tempestades que molham, que alagam,
mas depois passam.
Sem modéstia: lindos.
ResponderExcluirEu que agradeço, Adriane. :)
ResponderExcluirEu também achei que ficou muito legal Matheus. As vezes não temos que ser modestos mesmo. Ficaram muito bem esses dois ai.
ExcluirAbraços.