DO RIO GRANDE/RS PARA O MUNDO VIRTUAL E, ESPERO, O REAL
*Escrito em meados de 2012/2013 e publicado originalmente no blog Avessasingularidade.
Gostaria de apresentar aqui no Br392 um escritor riograndino que, ao meu ver, tem muito valor, que escreve muito bem e trata de assuntos cotidianos com uma verve que poucos conseguem, apesar de ser influenciado pela geração Beat e o mundo undergroud ou coisa parecida. Não estou criticando quem gosta deste submundo, eu também tenho o meu, mas Rody sabe das nossas controvérsias e debates e, enfim, no final das contas o que nos aproxima é a paixão enorme pela literatura.
E neste aspecto Rodrigo Cáceres, para mim, tem muito valor artístico e humano. Eu li, num desses livros de Teoria Literária, que ele e eu questionamos muito, a seguinte definição para Literatura: “Um conjunto de obras que, valendo-se da ficção (ou não), expressa a visão particular do escritor e apresenta ações, idéias e sentimentos humanos singulares mediante uma linguagem específica, cujo propósito é a beleza artística”, (GONZAGA, Sergius. Curso de Literatura Brasileira. 4.ed. Porto Alegre: Leitura XXI, 2009, p. 11).
Em que pese a última frase desta definição ser discutível, o que importa para este breve comentário é o fato de que esclarece que Rody tem tudo isso: é dono de um estilo próprio, voltado para a análise social, psicológica e crítica dos acontecimentos que narra. O autor também procura aproximar-se do seu público utilizando, de forma equilibrada, a linguagem coloquial e a formal.
Seus textos são objetivos, atingindo diretamente o X da questão que ele propõe, mas, não perdem, por este traço, a capacidade de levar o leitor a refletir, a imaginar além do que o escritor quer dizer, de questionar o que está sendo dito, seja para compartilhar da mesma opinião ou divergir dela.
Por isso, eu digo, ele até pode ter suas influências literárias, assim como eu, ou quem me lê e também escreve, tem as suas, mas Rodrigo criou o seu próprio estilo, que o aproxima e distancia daqueles que ele aponta como sua inspiração. Enfim: Rody Cáceres é um autor com estilo próprio, que merece ser lido e discutido. Assim, aqui deixo uma crônica por ele escrita, para que aqueles que acompanham meu blog possam conhecer este autor riograndino de tanto talento.
“MONUMENTO AO HOMEM VIVO
Todas as gavetas estavam abertas. E vazias. As lápides caídas, os mausoléus arrombados, a cidade em ruínas. Durante toda a madrugada caminhou só, sem sons de pássaros, ou carros. Nenhuma perturbação. A paz estéril de um mundo terminado.
Tinha uma pá apoiada no ombro, do tempo de coveiro, ainda enlodada da sua última escavação. Carregava a pá apenas para ter com quem conversar. Ela não respondia, ele também não esperava uma resposta, acostumara-se a não receber atenção das pessoas, pouco esperava dos objetos. Mas não era de todo ruim. A solidão tinha seus benefícios: ninguém reprovaria seus modos grosseiros, sua língua torpe, seu gosto pelo regar das árvores, sua flatulência volumosa e seu hálito de pinga. E pinga sobrava. O estômago ardia de tanto álcool: Omeprazol gratuito em todas as farmácias.
Numa de suas bebedeiras, acordou em um lugar novo, aparentemente distante de onde estava. A pinga e a pá desaparecidas, as paredes do estômago derretidas e não havia farmácia por perto. À sua frente, um obelisco de mais de cinco metros reluzia a luz solar e quase o cegava. O brilho vinha de uma placa de metal, onde uma epígrafe, um nome e uma data lhe aturdiam os pensamentos. Aproximou-se, leu: MONUMENTO ERGUIDO EM HOMENAGEM AO ÚLTIMO HOMEM DA TERRA, CONDENADO A VIVER EM PAZ. A data era a do seu aniversário, somente o dia e o mês. Rodeou o obelisco em busca de um sinal. Gritava, ninguém respondia. Caiu sobre os joelhos, deu com os punhos no chão e... chorou. “Quem?” Quem?” Não era a pá que lhe sofria, muito menos a pinga ou o estômago em final de temporada. Não temia a solidão, doce companheira de deambulos pelas madrugadas; não temia a morte, sabia que não morreria. O inferno do último homem, e de todos os anteriores, era não saber quem o havia mencionado.
Em tempos, a paz se transmutou em um martírio interminável...
(Rody Cáceres)”
Querem saber mais sobre o autor ou sua obra? Acessem:
http://cromossomospalavras.blogspot.com/, onde Rody lançou seu primeiro (e nas palavras dele, talvez o último) livro de Poesias, intitulado “Para onde Foram os Heróis?”.
Ele também é colaborador do Jornal Agora (http://www.jornalagora.com.br), onde tem publicado crônicas sobre diversos temas cotidianos.
“DE SOLAS E ASAS”
O
IMAGINÁRIO DE ANDRÉIA PIRES
Eu penso que se existe algo de bom
na humanidade (pelo menos em uma parcela dela) é sua capacidade de sonhar, de
imaginar, de sentir coisas e as expressar através de uma música, de uma das formas
de artes plásticas, através da literatura.
E nesta área, além de poder
descrever o real, existe a infinita possibilidade de transformar a realidade em
algo imaginário, por vezes até utópico, ou vice-versa.
Ser dotado de um fértil imaginário
literário, capaz de dizer a realidade de forma contundente ou, suavizada, mas
não menos impactante ou instigante, não é próprio de todo escritor, mas daqueles
que viveram uma infância muito rica onde puderam exercitar sua criatividade e
imaginação, ou daqueles que, apesar de viver uma realidade mais dura,
conseguiram manter ao menos um pouco da pureza, inocência e dos sonhos próprios
das crianças.
Acredito que Andréia Pires se enquadra
nesta espécie de escritor.
Suas crônicas ou contos, seja
tratando de assuntos oriundos do mundo adulto, seja brincando com as fantasias
infantis, são dotadas tanto de impacto visual, quanto emocional, de uma
suavidade e ternura que pode até levar a pessoa a derramar algumas lágrimas de
nostalgia ou rir com a criança que está escondida atrás das letras que ela
redige, criança esta que, apesar de sua pouca idade, possui uma perspicácia que
somente os seres pequeninos conseguem expressar com suas palavras sinceras e
diretas.
Quando li o livro “De Solas e Asas”
senti essa sensação de que algo muito importante estava sendo dito, embora de
forma quase carinhosa, outras de forma mais direta e franca, embora expresso
por meio de brincadeiras muito bem elaboradas com os sentidos que as palavras
possuem ou podem adquirir, a partir do momento que alguém se propõe a
manipulá-las.
Quem não se apaixonaria por uma
princesa de sulfite e cartolina, que poderia cometer suicídio somente com o ato
de aliviar sua dor através do choro? Quem não se comoveria com as cores que
descreviam a perda sofrida por Elisa? Quem não se questionaria se o seu destino
não seria igual a da Títere?
São assim os textos de Andréia
Pires neste seu livro, que pode ser lido caminhando ou voando: repletos de
personagens coloridos ou monocromáticos, de seres míticos ou reais, de
sentimentos de risos ou choros.
É todo um universo criado que
representa a vida diária de pessoas comuns ou personagens fantásticos.
Pessoalmente eu gostei muito da
crônica “Tormentas”, pois vultos em cantos de casas sempre me atraíram e também
acredito que vivo me atropelando.
É, Andréia, alguma coisa tua calou
em mim.
Por todos estes motivos é que eu
recomendo a leitura do belíssimo livro de Andréia Pires, pois todos nós
precisamos de solas resistentes ou de asas fortes que nos ajudem a caminhar ou voar
para manter nossos sonhos e lidar com as agruras de viver em nosso mundo.
Adriane Dias Bueno
PORQUE LER OLMEDO E O SEU "A RAZÃO DO ABSURDO"
Como todos sabem não sou formada em Letras e os conhecimentos que possuo de Teoria Literária não são suficientes para tecer qualquer crítica a algum outro colega escritor. Aliás, nem tenho tal pretensão.
O que pretendo ao comentar os livros de autores riograndinos que lançaram na Feira do Livro (sendo que, neste ano, só pude escolher três, e preferi não adquirir nenhum de autores de outros lugares) é apenas divulgar o trabalho realizado em Big River, nesta área cultural, e comentar o que encontrei de interessante nas obras dos colegas.
Hoje falarei um pouco sobre o livro de Paulo Olmedo, intitulado “A Razão do Absurdo”.
E aí já começa o ‘problema’, por assim dizer, pois quem poderia confiar num livro com um título que tenta encontrar sentido em algo que geralmente é desconsiderado ou tratado como irracional?
Para mim, desconfiada que sou, o título, por si mesmo, já prendeu minha atenção: eu prefiro que se reconheça que, mesmo em meio ao caos, existe certa razão ou lógica do que acreditar que sou a única maluca que pensa assim.
Olmedo despertou minha curiosidade no título por pelo menos me dar a entender que ele vê algumas coisas como eu, ele identifica que mesmo em situações muito absurdas, de cunho real ou fictício, engraçadas ou tristes, existe uma lógica que explica porque os fatos estão ocorrendo, mesmo que essa racionalidade possa ser entendida apenas pelo personagem criado ou pelo leitor.
Portanto, nada é ilogicamente absurdo ou impossível, mesmo que somente o personagem, ou quem se identifica com a história, possa entender porque certos fatos fazem tanto sentido para si, embora não para outros.
Para mim, isso resume o título e a obra, que capta cenas do cotidiano ou do plano da imaginação, sentimentos, conflitos, ações e pensamentos que, em geral, são visto como produtos de atitudes absurdas e, portanto, incapazes de ocorrerem na vida real.
No entanto, justamente o que torna a leitura instigante é perceber que, mesmo sendo aparentemente absurdas, muitas coisas descritas por Paulo Olmedo podem e acontecem no dia a dia.
E, quando não ocorrem, é bastante possível que um dia pudessem vir a acontecer, eis que, na verdade, as ações e os personagens criados pelo escritor nada mais são do que fruto da absurda condição de humanos que todos possuímos.
Contos que mais apreciei:
A Caixa Mágica: quem de nós, diante de uma tragédia sofrida por outros, ou por nós mesmos, não gostaria de ter uma forma de reverter a situação? A tragédia do menino deste texto é tão densa e o peso que isso lhe traz é tão grande que se torna nosso. Eu também desejei que a caixa mágica pudesse confortar o personagem.
Havia dias em que acordava com a camisa da seleção: não, não é um conto sobre a nostalgia que muitos torcedores têm de seleções brasileiras e campeonatos mundiais do passado. É a crônica de como um fato, mesmo que sem muita importância, pode modificar a vida de uma pessoa e transformar a mesma. É a narrativa lógico-absurda de como uma situação pode levar as pessoas a extremos e depois o processo se reverter e já não se ter mais a certeza absoluta sobre quem eram os loucos. Gostei muito do fim que considerei muito original.
Pirulito comeu caviar: este foi um dos meus preferidos, embora bastante trágico. A realidade desnudada neste conto, acredito, muito bem pode ter ocorrido em qualquer lugar, talvez aqui mesmo na nossa cidade. E essa dureza ao descobrir o que Pirulito comeu, sem que o autor precisasse usar recursos forçados para induzir a reflexão ética, é que leva o leitor a pensar em que tipo de sociedade estamos vivendo ou criando.
Pirandello e Ele: excelente crônica sobre o exercício da literatura, expondo o egoísmo do escritor que cria ‘vidas’, mas não concede autonomia para seus filhos ‘darem’ os rumos que desejam as mesmas, ainda que fictícias. Alguns a classificarão como uma alegoria. Gostei muito também.
A razão do absurdo: este conto me faz pensar se não seria o sonho do próprio autor que é narrado, mas prefiro acreditar que ele não deixaria seus sonhos pessoais assim expostos a comentários públicos, pois isso seria um absurdo. Contudo, talvez por ser tão absurda essa seja a resposta racional exata. Não sei, devo estar escrevendo isso porque, na realidade, eu me identifiquei com o personagem; já tive a mesma aspiração. E para esconder isso, estou tentando dizer que esse é o sonho do Paulo, digo, de João Pedro, que bem poderia ser qualquer um de nós, escritores dessa cidade. Excelente conto. Entrou para o rol dos meus preferidos.
Então é isso. Acredito que se deve ler Paulo Olmedo pela capacidade que ele tem de criar essas situações que bem poderiam ocorrer conosco.
Acredito que se deve ler “A Razão do Absurdo” porque a vida é absurdamente racional e nós bem que poderíamos ser um dos personagens deste escritor riograndino.
Adriane Dias Bueno
CURTINDO O LIVRO
“POETAS DE PIJAMA”: BREVE COMENTÁRIO
Parte 1: Capa e Cartuns
Eu adquiri o livro tema deste post na 40ª Feira do Livro do Rio Grande/RS com grande expectativa, pois alguns trabalhos literários de alguns colegas de escrita noturna eu já conheço e aprecio, bem como desejava conhecer outros de quem ouvi falar.
Além disso, sei que na nossa terrinha tem muito talento escondido, que não é divulgado ou objeto de comentários porque aqui pouco se fala sobre os artistas da terra (com algumas exceções, claro) e um dos meus objetivos neste blog é (dentro dos limites do tempo dedicado as minhas outras atividades) tentar divulgar um pouco da cultura riograndina pelo ‘mundo’ afora.
Aqui pretendo comentar os autores com que mais me identifiquei. No entanto, já deixo registrado que todos os autores e cartunistas, e/ou desenhistas, que participaram do projeto estão de parabéns, visto que se não tivessem talento os organizadores do livro não teriam escolhido os mesmos para estarem nesta Antologia riograndina que, acredito, foi uma das mais bem sucedidas dos últimos tempos, talvez a mais, pelo fato de abraçar tantos estilos diferentes, sem permitir que alguma espécie de ‘preconceito estilístico’ interferisse nas escolhas.
Em função disso parabenizo todos os escritores e cartunistas que tiveram suas obras selecionadas, bem como o bom e exaustivo trabalho que os organizadores tiveram para por em prática um projeto tão audacioso para os padrões da terrinha.
Agora vamos ao que interessa: os comentários sobre o que vi e li.
CAPA e CARTUNS:
A Capa do livro, um dos elementos que os escritores sabem que tem que ser bem construída, seja para convidarr os leitores à leitura (isto é o que considero mais importante), seja para que o livro possa vender, está muito legal.
E quando digo legal não é para dizer que é um desenho que condiz com o tema do livro, o que é óbvio, mas porque o artista que a produziu, Wagner Passos, fez um trabalho muito bonito, com as características marcantes de suas obras, que muitas vezes já apreciei numa certa livraria da cidade.
Ele traduziu perfeitamente as noites insones dos escritores, não apenas pelos trabalhos acadêmicos, mas também pelo prazer que sentem em escrever na calada da noite, onde o barulhento silêncio convida a por no papel os sentimentos e as visões de mundo que os escritores do livro possuem.
O que gostei da capa é a pureza quase infantil, pois Wagner trabalha muito com a área de desenhos e histórias infanto-juvenis, sem, contudo, deixar de atrair jovens e adultos, pois o desenho retrata o universo dos acadêmicos em seus estudos noturnos, o que muitas vezes aconteceu comigo na minha época de faculdade. Portanto, a capa cativa de pronto e por isso merece todos os elogios possíveis.
Os Cartuns também foram muito bem escolhidos, divulgando os blogs dos artistas e mostrando um pouco deste universo que aqui na City é quase desprezado pela maior parte das pessoas ditas intelectuais e pelos leitores.
Além disso, os cartunistas, ou desenhistas (desculpem a falta de utilização do termo exato, mas é porque não sei diferenciar uma coisa da outra, mas aceito explicações dos colegas da área), produziram trabalhados que envolviam a atividade de escrever ou desenhar, casando perfeitamente com o livro.
Os trabalhos escolhidos demonstram que existem vários artistas nesta área na cidade que precisariam ser melhor divulgados.
Os cartuns ou desenhos com que mais me identifiquei foram os que seguem. As frases entre aspas são os comentários que anotei sobre o que senti ao vê-los:
Rafaela Silva – p. 20: “Muitas vezes, não só na faculdade, mas hoje em dia também, me vejo na mesma situação, observando o mundo através da janela e catando restos de palavras para escrever alguma coisa insensata”. Esse o sentimento que este cartum me despertou e escrevi no livro. Parabéns, Rafaela.
Lidiane Fonseca Dutra p. 42: “Não sei o que dizer. Tu me perturba e me fascina. Eu poderia ficar horas te olhando e mesmo assim não conseguiria te definir plenamente ou descobrir tudo o que tens ou não a dizer”. Sinto muito Lidiane, amei o desenho, mas não sei explicar o que ele me causa. Parabéns.
Diogo Soares Dornelles – p. 64: “Droga, alguém conseguiu descobrir meu esconderijo e tirou uma foto de mim, nas minhas atividades noturnas suspeitas”. Eu me vi neste desenho. Muito bom, Diogo. Parabéns.
Everton Soares Cosme – p. 74: “Retrato vivo de quem ainda gosta de um bom lápis, seja para desenhar, seja para rabiscar letras confusas”. Excelente Cartum. Parabéns, Diogo.
Rosali Alves Colares – p. 102: “Ah! Eu sempre quis a liberdade das tuas asas...”. Bonito Cartum. Parabéns, Rosali.
Esta a minha franca opinião sobre esta primeira parte do trabalho realizado para disponibilizar a Antologia “Poetas de Pijama” ao público. Na próxima parte falarei dos textos que mais me interessaram.
CURTINDO O LIVRO
“POETAS DE PIJAMA”: BREVE COMENTÁRIO
Parte 2: Textos Literários
Polifonia: Tamiris Machado Gonçalves – p. 15: Poema suave que retrata as influências que a poeta recebeu em sua escrita. Todos os escritores se identificariam com a beleza e simplicidade destes versos, pois todos têm vozes interiores que vem de outros escritores e ‘outros de nós’ que dão o tom de nossos escritos. Excelente título também. Muito bom, Tamiris.
Embriaguez: Jéssica Dias de Souza – p. 26: em minha modesta opinião, escrito no estilo prosa poética. Muito interessante porque o tom do escrito é comedido, mas nas linhas se pressente a intensidade de sentimentos que a autora nutriu, o que, muitas vezes, consegue atingir o leitor mais do que um texto que seja totalmente intenso, mas que se extingue como um fósforo ao acabar seu combustível. Gostei do mistério também. Parabéns, Jéssica.
Mãe, não quero férias!: Vanessa Cardosos Barrientos – p. 39: descrição vívida dos sentimentos e pensamentos de uma criança que, pelo que entendi, possui alguma espécie de deficiência mental. O medo do protagonista, principalmente com relação ao significado distorcido do termo férias, é tão intenso que não há como não se identificar, assim como não sofrer pelo preconceito que ele entende que sofre. Prosa muito bem construída. Excelente, Vanessa.
Rupturas: Gilliard Avila Barbosa – p.44: poema escrito em estilo mais clássico, mas impossível de não agradar, tanto pelo ritmo que possui, que me lembrou um pouco Camões e Shakespeare, referências importantes na literatura mundial, mas principalmente pela forma como o poeta usou as figuras de linguagem para retratar a ruptura, a dor que suas palavras causaram na personagem, levando que um futuro em comum se tornasse passado. Gostei muito, Gilliard.
Mundo: Mauro Nicola Póvoas – p. 55: poema crítico-romântico, se é que se pode dar essa denominação, com uma simplicidade que cativa. Além de tecer críticas sobre a tecnologia, conduz o leitor a perguntar sobre o que seria a salvação para tantos desnorteios mundiais. Para o poeta é o amor. Quem sabe não seria para todos... Muito bom, Mauro.
À Moda Antígona: Andréia Alves Pires – p. 59: Totalmente inusitado e criativo. Um daqueles contos que mexem com a cabeça do leitor e fazem refletir se o que está escrito é o que realmente parece, ou se há algo mais nas entrelinhas. Instigante, dá uma sensação de pânico e, ao mesmo tempo, um furor para continuar lendo porque faz uma análise bem profunda do ser humano falante ou ouvinte e da influência que o mundo atual trás sobre os sentimentos. Excelente, Andréia.
Uma Mentira Silenciosa: Matheus Bandeira de Carvalho – p. 95: é quase impossível expressar o barulho que o silêncio faz. Mas acredito que Matheus foi muito feliz ao escrever esta crônica, que caracteriza algo que parece instransponível. A frase que me impactou? “Mas, daí, parto do princípio que o silêncio é confundido com o descaso dos ouvidos exaustos”. Ao que algo em mim ecoou, mas não em resposta: “Eu só sou eu quando em meio ao barulho do silêncio que abarcou toda minha vida”. Excelente Matheus.
O Melhor Remédio: Lilian Gonçalves de Andrade – p. 114: uma trama psicológica intensa e arrepiante. Um thriller policial dos melhores que já li nas crônicas desta cidade. Fiquei sem fôlego ao submergir no universo da dra. vingativa criada por Lilian. Nada resta a dizer, senão: Somente quem ler o conto conseguirá entender o quanto este ele é instigante. Parabéns, Lilian.
Estilística: Mitcheia Guma Pinto – p. 119: um bom exemplo de um poema que fala de sensualidade, seja da que vem do ato de escrever, seja da que surge em decorrência de uma paixão. Nada mais precisa ser dito. O poema fala por si. Muito bom, Mitcheia.
Entrega: Mayara Floss – p. 167: eu segurei o leme do navio e me tornei o capitão da crônica escrita por Mayara, pois ela conseguiu falar do mar e dos homens que ali laboram, dos seus sentimentos e desejos. E como não se identificar com tal personagem, visto que muitos de nós nasceram e cresceram numa cidade portuária? Amo esses dois temas e, por isso, amei o texto como o capitão que se entregou ao mar porque o amava e já era a hora de voltar para seu amor. Excelente, Mayara.
Outros textos eu também gostei e escrevi no próprio livro sobre minhas impressões. Mas aqui comentei, como eu disse antes, os trabalhos com os quais mais me identifiquei.
Certamente, outros lerão a Antologia “Poetas de Pijama” e também sentirão a força dos textos que a compõem e, assim desejo, irão também tecer seus comentário, com certeza ainda melhores e mais expressivos dos que os que aqui eu simplesmente lancei ao léu.
Parabéns a todos que participaram desta empreitada. Que outras obras, sejam em conjunto, sejam individuais, possam ser produzidas, para que os leitores daqui e de outras cidades possam conhecer o excelente trabalho que os colegas realizam na cidade.
Adriane Dias Bueno, leitora ávida.
Muito boas as análises!
ResponderExcluirO livro do Olmedo e o dos Poetas de Pijama eu já possuo, agora fiquei na "fissura" por conhecer o trabalho da Andréia Pires!!!
Grata Glênio por gostar deste trabalho que estou realizando. Com certeza todos os livros que eu comentei aqui valem a pena ser lidos e relidos.
ExcluirQuanto ao trabalho da Andréia Pires tá esperando o que? Corre lá conhecer o filho dela.
Ainda espero comentários sobre os meus filhos também. kkkk
Abração.