sábado, 8 de dezembro de 2012

NADA


A hora de não fazer nada é esta, este instante, este segundo ou seu milésimo.

Agora é esta hora de nada fazer, quando o trabalho já te cansou tanto que não é mais possível ver as letras que continuas teclando de forma inconsciente.

É a hora de nada fazer porque o calor aumentou. Teu sapato aperta tanto teu pé esquerdo, causando um inchaço tão incômodo, que sobe por tua perna e reflete em teus neurônios, através de uma embolia que impossibilita que consigas juntar uma letra na outra, emendar uma sílaba e coordenar uma mera frase.

Então, tu percebes que esta é àquela hora, transitória, aguda, insatisfatoriamente cheia-vazia, em que é preciso desligar os dedos, erguer os braços e gritar por uma alforria que não é necessária, mas todos desejam.

Quando surge esta hora de nada fazer é preciso cuidado e coragem. É preciso nada fazer e, ao mesmo tempo, dizer “chega, basta, já não dá, me esquece, vou fugir, quero morrer, quero esquecer, quero pegar, quero voltar, quero sair, quero chegar, quero deixar”, porque estes minutos se tornam os únicos que te restam para não perderes o que és tu, sendo que nada és.

Assim, se chegou a hora de nada fazer, para um minuto, respira, sufoca, grita, fica mudo, surdo, cego, louco; louco de pedra, porque chegou a tua hora de não fazer nada, somente observar e sentir e aproveitar os quinze minutos de intervalo que teu patrão te dá somente para não receber a multa por te tornar um servo impensante.

Respira, porque chegou a hora de glorificar a escravidão moderna.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O DEVORADOR DE LETRAS



Tudo começou ninguém sabe como.*
As coisas foram se sucedendo de uma forma que, a princípio, não apresentava nenhuma estranheza. No entanto, com o correr dos dias e a ocorrência mais frequente dos mesmos fatos envolvendo certo grupo de amigos, a situação acabou chamando a atenção dos mesmos. Como não poderia deixar de ser eles passaram da sensação de estranhamento, para espanto e, por fim, devido a um acontecimento bizarro, ao medo total e completo.
Como explicar o que estava ocorrendo? Por que somente eles eram acossados por aqueles fatos estranhos e horripilantes, tendo em vista o último desfecho? Havia muito que o grupo dissolvera o clube que pesquisava crimes praticados pelos conhecidos “seriais killers”, não para desvendar os casos pendentes, mas como forma de entender a psique destes seres amorais e por simples curiosidade e falta do que fazer.
Nem todos pensavam que o que estava acontecendo agora tinha algo a ver com o antigo clube. Achavam mera coincidência que eles estivessem sendo alvo de uma coisa tão esquisita e, por fim, violenta. Mas a maioria dos dez amigos, coincidentemente cinco homens e cinco mulheres, acreditava piamente que tudo estava ocorrendo por causa daquele maldito clube.
“Ideia imbecil essa do clube”, dissera Rafael, num dos encontros que o grupo havia realizado, para analisar a situação, antes do fato bizarro que levara a morte de um de seus amigos, Graziela. A moça era tida como uma excelente observadora de caráteres e pesquisadora. Dos casos que eles haviam estudado, cerca de 80% fora ela que conseguira chegar ao diagnóstico preciso, bem como aos motivos dos crimes praticados pelos sociopatas.
E agora ela não estava mais ali para ajudá-los a entender o que estava acontecendo, quem poderia estar tramando contra eles e o porquê. Aliás, nem a polícia acreditava que tudo isto estava relacionado somente com o grupo e seu clube, pois haviam encontrado evidências de que a situação, melhor, o mesmo tipo de crime já havia sido praticado anteriormente, numa cidade próxima, com pessoas que nem sequer tinham relação umas com as outras.
E a tensão pairava no ar. Seria possível cortá-lo com uma navalha de fio bem afiado e fino tal era a sensação que todos estavam sentindo diante daquela carta que receberam. Alguns queriam negar os fatos, outros, prudentemente, os aceitavam e queriam acreditar que fosse possível resolver o mistério que os estava assombrando, embora, no íntimo, duvidassem que teriam tempo para isso.
Assim, os investigadores continuavam a dizer que a morte de Graziela fora causada por um criminoso comum, ou se havia um psicopata envolvido, ele estaria atrás somente da falecida, que tinha semelhança com duas vítimas dos crimes cometidos na outra cidade, e não por causa de pessoas que mantinham relações entre si, por vínculo de amizade ou pelo fato de participarem de um mesmo grupo de estudos.
“A polícia sempre descarta o óbvio”, pensou Fernando quando ouviram essa explicação. “Esquece-se de investigar o básico: o fato aparentemente inexplicável que sempre revela a verdade por trás destes crimes. Não poderia ser diferente, eles não estudam como se dá o desenvolvimento desses criminosos e como ocorre a escolha das vítimas. Não entendem nada de perfil criminológico ou vitimologia. Por isso que raramente se prende um psicopata no Brasil. Os investigadores não estão preparados para estudar as nuances psicológicas de cada  criminoso e descobrir a menor ligação entre as pessoas que são alvo deles”, suspirou desalentado e temeroso, apesar de seu espírito frio. Talvez o mais frio de todos os componentes do grupo.
No entanto, apesar dos esforços empreendidos em conversas posteriores a morte de sua amiga, nenhum dos componentes do extinto clube ainda atinara como encontrar uma forma de solucionar o caso. E a polícia continuava sem a menor pista de quem estava aterrorizando os nove amigos. Pior, insistiam que nada tinha a ver com eles e que eles descansassem, pois ninguém mais iria atacá-los.
Então, o que significaria aquela carta que haviam recebido, individualmente, mas determinando que todos eles deveriam procurar a resposta para ela? Que deveriam se empenhar em descobrir quem era o remetente? 
Ele, ou ela (sabe-se lá, nos dias correntes as mulheres assumiram diversos papéis na sociedade, inclusive no meio criminoso), admitia a culpa pela morte de Graziela e informava os membros do clube que deveriam aceitar o desafio, senão todos teriam um destino idêntico ou pior que o da amiga deles.
O argumento da polícia quando viu a carta datilografada? Deveria ser alguém de mau gosto que queria se divertir à custa do grupo. Apenas alguém irritado com eles por se dedicarem a uma atividade tão desconcertante para as demais pessoas. Zombarias por eles serem esquisitões que pesquisavam mentes assassinas.
Entretanto, cada um dos nove amigos sabia que a carta era verdadeira, não apenas pelo fato de que o teor principal era idêntico em todas as cópias recebidas por cada um deles, mas por conter dados pessoais que nenhum dos nove sobreviventes conhecia sobre o outro. Naturalmente, que os dados confidenciais não foram discutidos entre os colegas, apesar de o momento indicar que essa medida deveria ser tomada. Muito menos com a polícia. Eram segredos que não deviam vir a tona.
Seria por isso que as autoridades policiais não conseguiam ver a ligação do criminoso com as pessoas que tentavam desesperadamente chamar sua atenção para o fato de que os alvos eram os membros do clube?
A única coisa que eles podiam fazer agora era esperar a próxima carta. Ela traria as orientações que os amigos deveriam seguir durante o “game”, bem como as pistas que eles precisariam solucionar se ainda quisessem continuar a viver.**

*Imagem obtida gratuitamente no Google Imagens.
**Pretendo publicar este conto em capítulos semanais.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

NA COLUNA DE ARTE O ARTIGO "TALENTO RIO GRANDINO"

Estou divulgando um talento rio grandino na área da pintura.
Convido os leitores a lerem e comentarem.
Abraços
Adriane

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

QUANDO O MANGUE APODRECE, TUDO PODE ACONTECER!


Na coluna de cinema a dica de um filme brasileiro que eu achei muito legal.
Leiam e comentem, principalmente se assistirem ao filme.

Adriane

domingo, 2 de dezembro de 2012

A PERGUNTA SERIA...

Mas, afinal, porque Br392?
Resposta rápida porque já estou com um projeto na cabeça e tenho que começar hoje.
Eu já havia pensado no que queria postar no blog. E eu queria um nome que desse a entender as mudanças que estão ocorrendo na city, assim como fornecesse uma ideia do que pode acontecer quando uma cidade só tem uma estrada que leve a ela. Embora a viagem possa indicar vários 'caminhos', só há uma rota para chegar aqui: a Br 392.
Essa estrada tanto pode ser a entrada quanto a saída da cidade de Big River. Ela traz a possibilidade de uma boa chegada ou partida, ou vice-versa.
A Br bem pode ser a salvação ou a desgraçada dessa cidade e dizem que muitas coisas esquisitas acontecem nela ou por causa dela.
Por isso, acredito que o nome seja apropriado.
Vejamos se cola.
Bom, vou lá começar o meu projeto...

O INÍCIO

Bom, quando se começa um novo projeto, dizem,é legal dizer algumas palavras. Tentarei ser breve.
Eu já estava pensando em criar um novo blog, não por falta do que fazer, mas porque queria ter um outro espaço onde, além de escrever sobre algumas coisas mais estranhas (exorcizar meu lado sombrio, quem sabe?), eu pudesse, sempre que surgisse oportunidade, falar alguma coisa sobre o que anda acontecendo na cidade em termos de cultura, coisa e tal.
Seria um lugar onde eu também poderia convidar uma ou outra pessoa para falar sobre algum assunto interessante nas áreas que coloquei no tópico "Colunas" (espero que eu consiga quem queira escrever, mesmo que eventualmente, rsrsrsrs).
Assim, o "Br392" pretende ser diferente do meu Avessasingularidade na forma de escrever e no público que pretende alcançar, ou quem sabe acabe alcançando o público daquele também, o que seria bem legal. 
Além disso, eu vou procurar escrever aqui sempre que tiver um tempo e sem me preocupar em corrigir muito as postagens, devido a correria em que vivo. Assim, casos flagrantes de 'idiomacídio' podem ser denunciados nos comentários.
Então é isso.
Está oficialmente aberto o meu novo blog.
Espero que o público curta.