sábado, 13 de julho de 2013

TRATADO DE NECROFAGIA

Esse corpo
Esse corpo sobre a mesa de necropsia
Esse corpo amorfo
repleto de formol
há muito já não é do cadáver
mas também não é teu

Mesmo assim
   tu o cortas
   tu o saqueias
   tu o dissecas
   tu o partes
para completar teu treinamento
embora nem sempre
acabes salvando o corpo dos vivos
que te buscam no posto ou no hospital

Esse corpo que tão calmamente cortas
e de onde escoa
          [se é que ainda escoa]
um sangue coagulado
esse corpo um dia
     já foi gente
     já sentiu
     já amou ou odiou
     já viveu
Agora está morto mas
           não é teu
           nem meu
           nem dele

É de ninguém
pois quem quer o cadáver abjeto do indigente
que perambulava pelas ruas
    [bêbado ou drogado ou apenas enlouquecido]?
Perambulava
e se vivia era porque respirava
Somente isso

Já estava morto há muito
Já fedia e repugnava
Já sofria a decomposição da morte em vida
porque não era mais reconhecido

Esse corpo sobre a mesa de necropsia
só é útil para o microscópio
pobre defunto perdido
Já era anônimo
E depois da utilidade prosaica para teu bisturi
cairá numa cova rasa onde até o tempo o esquecerá.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

"Last Of Us" e "Resident Evil: Revelations" - Quase mais do mesmo

Breve comentário:
"Last Of Us" é muito legal. Mas não tão assustador quanto prometeu. Além disso, impossível não ver alguma semelhança com Resident Evil, embora existam mais desafios em relação ao ambiente porque se passa numa cidade e é preciso coletar muita tranqueira para ter armas melhores. 
Resident Evil Revelations me surpreendeu um tantinho mais. Tem um pouco mais de sustos do que nos último games, monstros um tanto diferentes, bem como um navio enorme com um labirinto quase enlouquecedor, o que remete a Dead Space. 
Interessante que cada fase é jogada como um episódio, o que me lembra o primeiro game "The Wlaking Dead". Ainda não encontrei zumbis de verdade, o que é triste.
Já há notícia sendo divulgada que os criadores do Resident talvez lancem um sétimo game, que seria o último desta série. 
Entretanto, eles estariam pensando em relançar a série novamente, com o mesmo título, mas reescrevendo a história para que seja voltado para o 'survivol horror', como os fãs da franquia, de Cris e Jill gostam.*
Tomara que isso aconteça.
Por fim, apesar das semelhanças aqui mencionadas, a existência de alguns lugares comuns com os games deste tipo dos últimos anos, os dois jogos me agradaram sobremaneira. Quase não consigo largá-los.
Assim, mais do que recomendo os dois games.

domingo, 7 de julho de 2013

AEROPORTO

Atos inconsequentes de coragem tola criam um aeroporto onde outros pousam e decolam quando bem entendem levando o que bem querem e deixando apenas as cadeiras vazias da espera.
De mente em mente as ideias se atropelam são dementes essas ovelhas aéreas que arranham o piso da casa de partidas e chegadas. Atrelam a solidão as paredes que já o eram mas não vomitavam nenhum mal estar.
Ser solitário não é tão ruim quanto estar sozinho enquanto aves de metal vem e vão sem nem questionar se alguma outra coisa vai ocupar o espaço vago que ficou para trás.
Janelas abertas onde escapam burbirinhos sorrisos despedidas boas vindas enquanto o telhado do aeroporto cheio de buracos sente que vai ruir Quem se importa se o local sente ausências ou presenças? Na inconstante fidelidade de quem vem e de quem vai ninguém segue a rota do sentimento contundente que o posto de viagem segura para não chorar.
Dementes as mentes que se ficam não se compadecem se partem não se lamuriam por aquilo que deixaram aqui no espaço de todos os desencontros.
O aeroporto pretendia fechar mas já não tem mais anseio desta confusa companhia vazia por fim afastar.